Lixo de Campinas passa a ser destinado para aterro da Estre em Paulínia, a partir de abril

Gasto com 'exportação' de lixo será de R$ 33,9 milhões por ano

O lixo produzido por Campinas começa a ser transferido a partir de abril para Paulínia. A Estre Ambiental, empresa que já realiza este tipo de serviço na cidade vizinha, venceu na quarta-feira (19) a licitação para fazer o transporte e tratamento de 1,3 mil toneladas diárias de resíduos. O gasto com a "exportação" foi estimado, a princípio, em R$ 53 milhões anuais, porém o valor caiu para R$ 33,9 milhões, segundo a Secretaria de Serviços Públicos. O custo com o lixo subirá de R$ 80 milhões para R$ 113 milhões.

De acordo com a pasta, a redução do preço foi um dos critérios para escolha da terceirizada, que começa a operar com o fim do funcionamento do Aterro Sanitário Delta A, no fim do mês. O lixo de Campinas continua a ser encaminhado para o Delta A, e de lá será transportado para o aterro sanitário de Paulínia a partir de 1º de abril.

Segundo o engenheiro sanitarista da secretaria Paulo Camargo, a empresa terá que disponibilizar caminhões 24 horas por dia para não sobrecarregar a área do Delta A. "Todo resíduo que chegar será carregado para fora, a empresa terá que manter a disposição caminhões para retirar esse resíduo", explica. O contrato com a Estre Ambiental é válido por um ano, mas pode ser prorrogado.

A transferência do lixo será feita até que a Prefeitura de Campinas elabore uma parceria público-privada (PPP) para reformular o sistema de coleta, despejo e tratamento do lixo na cidade. A empresa que vencer a licitação cuidará da destinação do lixo para aterro próprio.

Delta A

O aterro Delta A foi criado em 1992 e, desde então, teve o tempo de uso prolongado por seis vezes, a última delas em agosto do ano passado. Uma nova liberação para ampliar a vida útil do espaço poderia causar danos ambientais.

Uma alternativa para que o lixo ficasse na cidade seria a ativação do Aterro Delta B, que fica próximo ao Aeroporto dos Amarais. O funcionamento, entretanto, foi descartado depois que a Prefeitura não conseguiu aval dos órgãos ambientais. Como a atividade relacionada a lixo atrai aves, elas levam risco à aviação e, por isso, o depósito de lixo precisa ficar em um raio de pelo menos 100 quilômetros do aeródromo.

Comite prevê que volume útil do Sistema Cantareira se esgota em julho e água terá que ser captada por bombas

Legenda - Governo do Estado se prepara para começar a usar a água do volume morto do Sistema Cantareira (Foto: Carlos Sousa Ramos/AAN)

O comitê anticrise refez os cálculos e antecipou para julho a previsão do fim do volume útil do Sistema Cantareira, mês em que o abastecimento de 14,5 milhões de habitantes da Grande São Paulo e da região de Campinas só terá condições de ocorrer com a exploração do chamado volume morto dos reservatórios (água do fundo dos reservatórios que só consegue ser captada por bombas).

Isso significa que, no mês da Copa do Mundo, duas regiões das mais desenvolvidas do País estarão vivendo a sua pior crise hídrica da história. Na estimativa anterior, o comitê previa para agosto a necessidade de uso do volume morto.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) planeja começar a usar essa água já a partir de maio e iniciou, na semana passada, as obras de implantação de ensecadeira (espécie de barragem) e canais que permitirão retirar o volume morto da Represa Atibainha, em Nazaré Paulista.

A ensecadeira é um anteparo provisório implantado no curso da água para secar o local onde serão instalados os canais.Segundo a Sabesp, a água que está abaixo do túnel que liga os reservatórios começará a ser usada em 60 dias. No reservatório Jaguari-Jacareí, o volume morto será retirado com uso de bombas flutuantes.

As reservas do volume morto do conjunto de reservatórios somam 400 bilhões de litros, dos quais 150 milhões têm condições de serem usados — o restante é fundo de reservatório, com lama e sedimentos.

A Sabesp já adquiriu em regime de urgência 20 conjuntos elevatórios dotados de bombas do tipo flutuante para serem dispostos estrategicamente na superfície da água A previsão do comitê anticrise (o GTAG-Cantareira) coincide com as análises que o Consórcio PCJ vem fazendo desde janeiro, quando estimou que, persistindo os baixos volumes de chuvas, o volume útil do Cantareira terminaria em cem dias, justamente no período em que começa, de fato, a estiagem.

Novas projeções para o destino do Sistema Cantareira feitas pelo Consórcio PCL apontam que, no pior dos cenários, mantidas as retiradas e o volume de chuvas de janeiro e fevereiro — de 30% da média histórica —, o volume morto começará a ser usado em julho e, até dezembro, 60% dessa reserva, ou 290 milhões de metros cúbicos, terão sido consumidos, e será o fim do Cantareira.

Em geral, o acúmulo de águas ocorre principalmente nos meses chuvosos, de outubro a março, garantindo o abastecimento no período de estiagem.

Entretanto, entre outubro de 2013 e fevereiro deste ano foram observadas vazões naturais excepcionalmente baixas para esta época, o que contribuiu para que os reservatórios não recebessem o volume de água esperado.

Para tentar segurar um pouco de água no sistema, a Agência Nacional de Águas (Ana) e o Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) determinaram que apenas três metros cúbicos por segundo (m3/s) fossem liberados para a região de Campinas e até 27,4m3/s para a Grande São Paulo. Na segunda-feira, a Sabesp retirou 22m3/s e, apesar disso, o volume do sistema continua caindo, batendo recordes históricos diariamente.

O Ministério Público (MP) está acompanhando a situação e esperando pelos próximos passos que o governo do Estado deverá adotar para tentar evitar o caos no Sistema Cantareira.

O promotores do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) vêm defendendo, desde o início da crise, a redução da retirada de água pela Sabesp para que os reservatórios possam ter algum volume de água para quando a estiagem de fato chegar.

Estudo hidrológico

Os promotores vêm propondo a contratação de um estudo hidrológico que informe a real quantidade de água existente no volume morto e sua qualidade porque eles têm recebido informações de especialistas de que a qualidade dessa água é ruim, com muitos sedimentos, inclusive metais pesados, e que as pequenas cidades não teriam condições de tratar a água para distribuir à população.

O grupo de promotores de Campinas e Piracicaba defende que as vazões para a região de Campinas e de São Paulo fiquem restritas à chamada vazão primária, o que significa a liberação de 3m3/s para as Bacias PCJ e 24,7m3/s para a Grande São Paulo, mas isso não vem ocorrendo.

Chuvas insuficientes

O volume de água acumulado nos reservatórios do Sistema Cantareira caiu novamente na sexta-feira (14) e as represas que enviam água para as Bacias dos rios Piracicaba-Capivari-Jundiaí (PCJ) mais uma vez operaram com o menor nível da história. O índice, que estava em 15,26% na quinta-feira (13), caiu para 15,15% — há um ano o sistema operava com 58,6% da capacidade.

Apesar da chuva que atingiu as represas este mês, que registra um volume acumulado de 122,4 mm, o equivalente a mais da metade da média histórica para março, os reservatórios continuam baixando. O motivo é a pouca chuva nas áreas onde nascem os rios que formam o sistema e que chegam aos reservatórios com baixa vazão. Nesta sexta-feira, segundo o monitoramento da Sabesp, entraram apenas 5,86m3/s no sistema e saíram 3m3/s para a região de Campinas e 25m3/s para a Grande São Paulo. A Sabesp está autorizada a retirar 27,9m3/s do Cantareira.

Esvaziamento

A operação das represas vem esvaziando de forma progressiva a barragem Jaguari-Jacareí, que nesta sexta estava com apenas 9,4% de sua capacidade, o equivalente a 75,9 milhões de metros cúbicos — o volume total da represa é de 808 milhões de metros cúbicos.

Novas projeções para o destino do Sistema Cantareira feitas pelo Consórcio PCJ apontam que, no pior dos cenários, mantidas as retiradas e o volume de chuvas de janeiro e fevereiro, de 30% da média histórica, o volume morto (água do fundo dos reservatórios que só consegue ser captada por bombas) começará a ser usado em julho e até dezembro 60% dessa reserva ou seja, 290 milhões de metros cúbicos, terão sido consumidos, e será o fim do Cantareira.

O consórcio vem alertando, desde dezembro, para a necessidade de campanhas para a economia de água e, a partir de janeiro, passou a defender a adoção de racionamento na Grande São Paulo, que retira a maior parte da água do sistema. São Paulo e as Bacias PCJ estão enfrentando a pior crise de abastecimento desde que o sistema foi construído, em 1974, e com riscos de faltar água no período da Copa do Mundo tanto em São Paulo quanto na região de Campinas.

Rio Atibaia

As chuvas permitiram que o Rio Atibaia, que corta o município de Paulínia, diluísse melhor os poluentes e com isso houve uma redução de uso de produtos químicos, especialmente cloro, no tratamento da água. Mas, apesar disso, a situação exige atenção, porque a região não está livre de problemas, uma vez que está próximo do período de estiagem e poderá faltar água no meio do ano.

Com a redução rápida do volume útil do Cantareira, o comitê anticrise já recomendou que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) defina um plano emergencial, caso seja necessário recorrer ao chamado volume morto do sistema. O boletim diário da Sala de Situação das Bacias PCJ informa que os radares meteorológicos instalados em Bauru e Presidente Prudente não estão detectando chuvas no Estado.

A Área de baixa pressão está perdendo força sobre o continente, diminuindo a nebulosidade na maior parte do Estado, mas ainda ocasiona chuvas isoladas em algumas regiões paulistas, principalmente no período da tarde.

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