Esther da Usina, da Avenida e do progresso


 Esther Nogueira, filha de José Paulino e precursora de 139 anos de história

 

Esther, com ‘th’, nome de rua e avenida, edifício e da mais antiga usina açucareira em atividade no País. Um nome imortalizado por grandes empreendimentos e homenagens, marcante na história da região e, principalmente, na história e no dia a dia da cidade de Cosmópolis.
O nome é uma alusão à campineira Esther Coutinho Nogueira, filha do casal José Paulino Nogueira e Francisca Coutinho Nogueira. Nascida na região central de Campinas, próximo ao atual posto do INSS, completou em 12 de junho, os 139 anos do seu nascimento.
Esther era conhecida na sociedade paulista por sua personalidade marcante, sempre engajada em causas filantrópicas e culturais, o reflexo e base do pai José Paulino. Filha de uma família de oito irmãos, casou-se com 18 anos de idade, impondo ao marido, seu primo Paulo de Almeida Nogueira, a condição de ajudar a criar seus irmãos e continuar na companhia do pai. A imposição foi devido ao prematuro falecimento de sua mãe Dona Francisca, morte ocasionada por complicações geradas pela febre amarela. Epidemia que dizimou a cidade de Campinas e região, e por pouco não vitimou com a morte de José Paulino, que passou meses em tratamento.
No mesmo dia do casamento, uma cerimônia simples realizada na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Campinas, o casal mudou-se para o casarão José Paulino Nogueira, localizado em lugar de destaque na Avenida Paulista. A obra do arquiteto e engenheiro Ramos de Azevedo, amigo particular da família, responsável pelas construções da Usina Esther, Igreja Matriz de Santa Gertrudes e o Palacete Irmãos Nogueira, era considerada na época uma das mais imponentes construções da capital.

A Usina e o progresso na região
Em 1898, com a oficialização da compra das terras da Fazenda do Funil, de propriedade de João Manuel de Almeida Barbosa, surgia um dos maiores empreendimentos industriais do interior paulista, a construção da Usina Açucareira Esther. O nome foi uma homenagem feita pelo Major Arthur Nogueira a sobrinha Esther. A Usina tinha José Paulino e outros três familiares como idealizadores e proprietários do audacioso empreendimento.
O projeto industrial e agrícola mudaria o cenário e a história de toda a região. Para transportar as produções da Usina Esther e demais fazendas do grupo, foi criada a Companhia Carril Agrícola Funilense, onde eram sócios dos nogueiras o Barão Geraldo de Rezende e o antigo proprietário da Fazenda Funil.
Entre as várias locomotivas importadas da Inglaterra, construídas exclusivamente para a companhia, uma das principais recebia o nome de Esther Nogueira. A gigantesca máquina de ferro transportava as produções da Usina que seguiam com destino para Campinas e São Paulo. Às margens das estradas da Funilense surgiam os futuros municípios de Cosmópolis, Paulínia, Artur Nogueira, Holambra, Americana, Conchal, entre outros que nasceram pelos caminhos do progresso abertos pela ferrovia.

O modernista Edifício Esther
Em 1936, Paulo de Almeida Nogueira homenageava a esposa dando seu nome ao Edifício Esther, inspirado nos ideais da escola alemã de arquitetura Bauhaus. O Esther é um marco da arquitetura modernista no país, considerado um dos mais importantes edifícios de São Paulo, um projeto dos arquitetos Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho. Com 11 andares e 103 escritórios e apartamentos, o edifício foi construído para ser a nova sede da Usina Esther. O prédio acomodava diferentes departamentos da administração da companhia, além de unidades residenciais.
Inaugurado em 1938, fez surgir duas novas vias, como as ruas Gabus Mendes e a Basílio da Gama, contribuindo, também, para as edificações que o sucederam nas ruas Sete de Abril, Marconi e Avenida Ipiranga. No auge do edifício Esther, o local era frequentado pela alta sociedade paulistana.
Abrigou a primeira sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil, o Clube dos Artistas e Amigos da Arte, e considerável parcela de pintores, escultores, arquitetos e literatos. Nele morou o pintor Di Cavalcanti, jornalista Marcelino de Carvalho e o arquiteto modernista Rino Levi também teve lá seu escritório.
O empresário e jornalista Assis Chateaubriand era frequentador assíduo do Esther, sendo que no subsolo foi idealizado o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Neste mesmo subsolo, nos anos 50, funcionava a Boate Oásis, renomado ponto de intelectuais na capital.

O luxo que virou cortiço
Em 1965, depois de uma grande queima dos seus canaviais, gerado segundo relatos por um ato criminoso, a Usina enfrentava uma das suas maiores crises na época, para evitar gastos, mudou seu endereço de volta para a cidade de Cosmópolis.
Com a mudança, os Nogueiras deixaram de fazer a manutenção do edifício, entrando em venda todas as unidades. O prédio foi sendo descaracterizado, acompanhando a deterioração do centro da capital. Chegou a ser ocupado como cortiço e grades foram instaladas para evitar a entrada de moradores de rua. Quase foi demolido em 1980, mas escapou devido a sua importância histórica e arquitetônica, sendo tombado, em 1990, pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).
Atualmente o chef-celebridade francês Olivier Anquier vive em um apartamento de cobertura, sendo proprietário de um restaurante com capacidade para 150 pessoas, o qual funciona no 2º andar do Esther. O prédio está em processo de restauração, com projeto da equipe de arquitetura de Eduardo Colonelli.

Esther Cosmopolense da Avenida
Em Cosmópolis, o nome Ester, com ‘th’ em algumas velhas placas de ágata esmaltada, desde o início do século passado dá nome a uma das principais vias da cidade, a Avenida Ester. Porém, a avenida surgiu muito antes do seu nome oficial, sendo a via o antigo acesso à sede da Fazenda do Funil, criada em 1838, pelo fazendeiro José Manuel de Almeida Barbosa, ao herdar as terras de um tio. O secular caminho é citado pelo historiador Jolumá Britto no livro a história de Campinas, composto por 25 volumes, referindo-se ao local como ‘Caminho do Engenho’, visto que na Fazenda produzia-se água ardente, a pinga do funil.
Na propriedade conhecida pela intensa produção cafeeira, existia moenda e um gigantesco alambique de pinga, comandado pela família Barbosa. Em 1898, com a compra das terras e a construção da Usina Esther, o Major Arthur Nogueira loteou toda a região próxima ao antigo caminho, construindo no mesmo trajeto a estação de trens da Cia Funilense. Construída estrategicamente na área conhecida como biquinha, um descampado onde existiam inúmeras nascentes, próximo às margens do Ribeirão Três Barras, famoso Rio Baguá.
O constante progresso industrial e agrícola fez o Major vender rapidamente as terras do loteamento, vendidos na sua maioria para imigrantes, interessados em construir casas comerciais. As construções funcionavam nos fundos como uma casa e na frente como mercearias, armarinhos, alfaiatarias, salão de barbeiro e pousada. Surgia neste progresso uma pequena vila, ampliando o antigo caminho com os loteamentos, oficializando a rua de terra batida como Avenida Esther.

Curiosidades
A Avenida Ester começa próxima a Praça do Amor, seguindo até o salão de festas da Escola Alemã, onde termina próxima a extinta área pertencente a Cia Funilense.
Na mesma estrada até antes da emancipação política e administrativa de Cosmópolis em 1944, o ponto final da Avenida era na Rua Floriano Peixoto, em Artur Nogueira, onde existia a divisa territorial dos distritos campineiros.
Esther Nogueira nunca morou em Cosmópolis, visitava a pequena ‘Villa’ somente para organizar jantares ou reuniões políticas no Palacete Irmãos Nogueira, recentemente demolido pela Usina, no local residia o Major Arthur Nogueira.
Esther faleceu em 06 de novembro de 1941, aos 64 anos de idade, no casarão da família na Avenida Paulista, vítima de complicações cardíacas. Está sepultada no mausoléu da família no Cemitério da Saudade, em Campinas, ao lado do esposo Paulo de Almeida Nogueira e filhos.
Em sua homenagem, no início dos anos 40, foi construída a primeira escola infantil de Cosmópolis, a Escola Esther Nogueira, onde crianças cosmopolenses aprendem o básico antes de entrar no ensino fundamental. Seu nome também é homenageado em ruas nas cidades de Campinas e São Paulo.

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Comentários   

 
0 #2 BestShelby 04-11-2018 07:19
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