Paróquia Santa Gertrudes celebra 101 anos de fundação


 Igreja é uma homenagem a Gertrudes Nogueira, mãe de José Paulino

 

No dia 17 de setembro de 1915, uma manhã de domingo, desembarcavam na Estação da Funilense, Heitor Teixeira Penteado, prefeito de Campinas, senador Francisco Glicério, Orosimbo Maia, representando Ramos de Azevedo, o sócio e arquiteto Arnaldo Dumont Villares, sobrinho do celebre Santos Dumont, Júlio de Mesquita, fundador e proprietário do jornal O Estado de São Paulo, entre inúmeras autoridades políticas e empresarias da época.
O anfitrião Major Arthur Nogueira, junto com a Corporação Musical da Usina Esther, esperava na estação os célebres convidados para a inauguração oficial da Igreja Matriz de Santa Gertrudes. Um projeto do Escritório de Arquitetura e Engenharia Ramos de Azevedo, edificação construída em homenagem a matriarca da família, Gertrudes Eufrosina Nogueira.
Dos doze filhos de Dona Tudinha, como era popularmente conhecida em Campinas, somente José Paulino Nogueira não compareceu, sendo representado pela filha Esther Nogueira e o esposo Paulo de Almeida Nogueira e netos. José Paulino faleceu dois meses após a inauguração da Igreja, em 10 de Novembro de 1915.
Na edificação aguardavam os fiéis e autoridades, o Padre Serapio Giol (primeiro Padre oficial de Cosmópolis) e o Monsenhor Joaquim da Silva Leite, responsáveis pela realização da missa na primeira Igreja Católica da Vila , até então Cosmópolis só possuía pequenas capelas em seu território.
No término da celebração religiosa, o histórico momento foi registrado com a foto que ilustra a matéria. Uma curiosidade da foto é que entre as inúmeras personalidades, entre as crianças estão os oito filhos do político e fazendeiro Orozimbo Maia, com destaque para a filha Odila Maia da Rocha Brito e o esposo Dr. Armando da Rocha Brito, fundadores do Hospital Vera Cruz.

101 anos de história e transformações
Neste sábado, dia 17 de setembro, a comunidade Católica cosmopolense comemora os 101 anos de inauguração da Igreja Matriz de Santa Gertrudes. Padre Marcos Radaelli de Melo, responsável pela igreja desde 2009, celebra na terça-feira (20), às 19h30, a missa comemorativa pelo 1º ano de Dedicação da Paroquia Santa Gertrudes.
O rito religioso da dedicação da igreja marca o primeiro ano depois das comemorações do centenário da paróquia. Segundo Padre Marcos, o rito é um dos mais belos e significativos da liturgia Católica.
Na missa comemorativa será feita a aspersão da água benta, as unções do altar e das paredes da igreja, a incensação, a deposição das relíquias no altar, o rito da Palavra e da Eucaristia. “Na missa celebraremos a dedicação da igreja Santa Gertrudes a Cristo, enaltecendo este respeito e amor em cada espaço, deste local sagrado, onde Deus manifesta a sua glória e misericórdia. A igreja nestes 101 anos é um local de encontro com o Pai por meio de Jesus Cristo no Espírito Santo. Graças ao esforço da comunidade cosmopolense este templo foi construído e mantido, um ponto de encontro para falar e ouvir a Deus, local de celebrar, de pedir, de dar graças por tantos benefícios vindos do Pai”, declara Padre Marcos.

A Igreja velha e a nova matriz
A histórica edificação inspirada na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Campinas, região onde nasceu a matriarca da família Nogueira, foi demolida nos anos 50, sendo construída a atual matriz sobre a primeira igreja. Na época o motivo da demolição, foi à ampliação do templo, que não comportava a crescente quantia de fiéis.
A família Nogueira chegou a ceder um novo espaço para a construção da nova matriz, preservando a antiga Igreja. O local seria as terras onde foram construídas a nova Escola do Rodrigo e a Praça Kennedy, por este motivo a Rua Santa Gertrudes prossegue até aquela região.
Entre questões políticas e religiosas na época, o Padre Germano Prado, Pároco da Igreja de 1946 a 1960, não aceitou a doação das terras, oficializando a demolição da igreja no início dos anos 50.
Da antiga Igreja foram preservadas obras sacras, móveis, parte dos tijolos e o piso de mármore que segue até o altar. Com apoio da comunidade as obras da nova matriz terminaram no fim dos anos 80. Neste mesmo período foi construída a nova casa paroquial, sendo demolida a antiga edificação, centro de estudos e salão social.

Obras da Igreja começaram junto com a Usina
A primeira edificação da Matriz teve início junto com as obras de construção da Usina Esther e do Palacete Irmãos Nogueira (demolido em 2011), no fim do século 19.
Os projetos de autoria do Escritório de Engenharia e Arquitetura Ramos de Azevedo, tinham como previsão para os términos das obras os primeiros anos do "novo século 20”. Infelizmente graves acidentes naturais aconteceram neste período em Cosmópolis, impossibilitando cumprir os cronogramas das obras, que tinham como prioridade a construção da Usina Esther.
Neste período a edificação sofreu com chuvas intermináveis, fortes tempestades e, o mais grave, um ciclone em 24 de outubro de 1912. O ciclone devastou grande parte da região central, a Usina Ester e a igreja matriz foram os pontos mais castigados pela intempérie climática.
No ano passado, celebrando o centenário de criação da Paróquia, a igreja passou por várias reformas, recebendo uma nova cor e inúmeras melhorias, preservando o mesmo projeto arquitetônico da nova matriz, idealizado na década de 50.
Na data, simbolizando o passado e presente, foi instalado na igreja uma cápsula do tempo, contendo materiais e objetos que buscam preservar e eternizar a memória da comunidade. Em parceria com a Igreja, governo e iniciativa privada, foi produzido por uma equipe de cosmopolenses o curta metragem “Gertrudes A Grande”. A obra disponível na internet, conta a vida de Santa Gertrudes de Helfta, monga beneditina nascida na Alta Saxônia, na Alemanha, falecida em 1302, aos 45 anos. O curta tem em sua equipe atores, membros da comunidade católica cosmopolense. A produção que conta a história da Padroeira de Cosmópolis está em estudos para ser traduzida em outros idiomas, atendo a pedidos da Argentina e Alemanha.

Devoção à Santa era uma tradição paulista
Dona Tudinha Nogueira era devota de Santa Gertrudes de Helfta, assim como grande parte das tradicionais famílias paulistas da época, sendo venerada como Padroeira dos barões no Brasil Imperial, por isso a grande devoção entre agricultores.
A exaltação a Santa pelos barões surgiu, possivelmente, em homenagem a uma das primeiras Baronesas do estado de São Paulo, Dona Gertrudes Galvão de Moura Lacerda, esposa do Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão, dono das terras da cidade de Campos do Jordão.
Dona Gertrudes era mãe do Barão de São João de Rio Claro, proprietário da mais moderna e famosa fazenda dos tempos do Império, a Fazenda Santa Gertrudes, então localizada na cidade de Limeira. O nome foi dado à fazenda em 1854, em memória a sua mãe Dona Gertrudes.
A família chegou às terras de Limeira no ano de 1821, quando o Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão comprou uma gleba de terras na lendária Sesmaria do Morro Azul pertencente aos irmãos Galvão de França e Manuel de Barros Ferraz.
Manuel de Barros Ferraz, era parente próximo de Luiz Nogueira Ferraz, esposo de Dona Gertrudes Eufrosina de Almeida Nogueira, mãe dos irmãos Nogueira e, a Baronesa Gertrudes Galvão, também era parente próxima da família Nogueira, tia de Luiz Nogueira Ferraz.
A devoção e exaltação a santa era então uma tradição entres as importantes famílias, existindo nos casarões das fazendas e nos Palacetes e Solares de Campinas e São Paulo, capelas nas residências em homenagem a Santa.
A Santa foi oficializada pela Igreja Católica como Padroeira de Cosmópolis nos primeiros anos de existência da Igreja Matriz. Santa Gertrudes tem o dia 16 de novembro como data de sua consagração. Em Cosmópolis o dia da padroeira não é feriado, o único feriado do calendário municipal é o dia da emancipação política e administrativa, comemorado no dia 30 de novembro.

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